Discordo de vários pontos do comunicado da Renovação Comunista sobre as eleições, que pode ser lido aqui. E sobre o rumo que a mesma Renovação tem tomado discordo ainda mais. Remeto a este respeito para as posições críticas que têm sido assumidas pelo Jorge Nascimento Fernandes no seu blogue e com as quais concordo genericamente. Mas há dois pontos importantes no comunicado da Renovação Comunista que merecem ser discutidos.
Primeiro ponto: a generalidade da esquerda deixou fulanizar a tal ponto a crítica política ao governo do PS que se facilitou a ideia de que o mais importante seria mudar o rosto do governante e não o conteúdo das políticas que governam (já nem falo da própria concepção do que seja uma forma de governar à esquerda). É certo que a fulanização da crítica em Sócrates respondeu apenas a uma fulanização dos elogios; se Sócrates e os seus confiaram sempre mais no culto da sua personalidade do que na defesa das suas políticas (ele era o que decidia, mal ou bem, mas decidia, foi-nos dito vezes sem conta), é normal que a resposta seja fulanizada. E é também certo que foi sobretudo a partir da direita que essa fulanização foi mais intensa. Mas a fulanização é ainda assim um erro que deve ser evitado no futuro. E, com Passos Coelho e Paulo Portas, não sobrarão motivos para testar a paciência.
Segundo ponto importante do comunicado da Renovação Comunista: a necessidade de aprofundar a reflexão em torno das relações que uma força política deve manter com as legítimas reivindicações sindicais. Em relação a algumas questões de política educativa (o debate em torno do chamado eduquês, por exemplo) não tenho muitas dúvidas em afirmar que os ministérios cessantes estiveram à esquerda de boa parte dos sindicatos que sobre o assunto se pronunciaram.
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