quarta-feira, 8 de junho de 2011

Contributo pouco original para o debate à esquerda


Todos os poemas épicos dão notícia
dos grandes deste mundo:
como astros sobem,
como astros caem.
Não deixa de ser consolador e é bom que se saiba.
Mas, para nós, que temos de alimentá-los,
foi sempre, por desgraça, mais ou menos igual.
Sobem e caem, mas à custa de quem?
 Bertolt Brecht, Canção da roda hidráulica

A Susaninha não se enganou e está cheia de sucessores e descendentes. Que adivinham logo todos os inconvenientes de deixar o poder cair na rua e prontamente se oferecem para o exercer, naturalmente que no interesse de todos e com as melhores intenções.
É precisamente para isso que o "povo" deve poder. Para que as cascas de laranjas, papéis, caixinhas e garrafões vazios - tudo aquilo, em suma, que faz com que estar vivo seja o contrário de estar morto - conspurquem o terreno sagrado da soberania. E então, precisamente então, poderemos imaginar outro tipo de poemas épicos, que ignorem as subidas e descidas dos grandes deste mundo para se focarem sobretudo nas nódoas de sandes de chouriço e outros assuntos de importância vital. Entretanto, tenho gostado de ler algumas  coisas e aguardo para ver se elas terão algum tipo de consequência.
Como diria um senhor que muito gosto me tem dado ler: ainda não é o princípio nem o fim do mundo, calma, é apenas um pouco tarde.


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