Há coisas que queremos. Entre o roncar dos automóveis que rangem pelas ruas, os Coldplay que passam na rádio, o barulho das obras em quase todos os prédios, mais uma bica a sair, há sonhos possíveis aqui deste café. Devaneia-se um pouco. Há dias ouvi, num documentário, que para vivermos todos bem temos que voltar à Idade do Ferro, a existência de um perfeito equilíbrio entre a existência humana e a manutenção da natureza. É pouco. Não quero viver entre as árvores em perfeita harmonia porque uma vida sem conflito não é vida. Mas conflito não é esta guerra. Quero tomar as coisas nas minhas, nas nossas, mãos. Andar por aí sem rumo nem destino, mas com sentido. Arrancar a felicidade dos escombros dos sonhos perdidos. Celebrar meias-vitórias com um copo.
Hoje, onde qualquer partido de esquerda merece pouco mais que um bocejo, que o sindicalismo é uma marcha fúnebre pela manutenção do que existe, e em que a ocupação de uma praça teve tanto de revolucionário como de missa evangélica, cá estamos à procura de caminhos. Vagueamos a cidade à procura do que queremos, de vez em quando saímos para respirar e voltamos. Sobrevivemos, mas queremos viver. E fazemos por isso.
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O que vale é que a proliferação de tascas é protestante, caso contrário não sei como seria.
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