segunda-feira, 11 de julho de 2011

Mais ou menos vivos

O segredo é mantê-los mais ou menos vivos.

Construir postos de abastecimento distribuir
sossegos para o estômago uns cobertores lenços
de papel vê-se nos filmes quando alguém chora
papel de parede assim florido para o céu
da boca isto são outras metereologias
que ninguém percebe bem as estações do humano
e estamos em época de muitos desastres
naturais naturalmente. Não esquecer
em particular de manter os braços vivos em redor
da emergência social que olha emerge emerge olha
azar juntem-se aqui é mais quentinho aqui
no social estamos em família como te chamas
que olhos lindos tem o miúdo vê-se a alma
a ver se não estoura é ir fazendo as rezas
e seguindo as setas tragam os mantimentos
e a voz cantem os males espantem os maus
pensamentos. Deixem-se estar por aqui.

Isto vai tudo ao sítio vão ver.

É aguentar que isto passa olha toma
umas roupinhas e um naco de alma.
Cheira muito mal mas faz falta
é o que é enfim é assim como o mundo.


Que giro ao longe parecem formiguinhas.

Cheguem-se aqui à nossa beira.
Não se cheguem tanto.
Não vão para longe nem se espalhem muito
que se perdem por aí na vida
e não conhecem os caminhos e as manhas
e onde vão dar essas portas que dizem Saída
e perdemo-los nós de vista
e deixamos de saber quem são
e ainda vos crescem os dentes
e ainda mordem a língua
e a sopa arrefece
os ânimos enquanto ensopa a alma.

Calem-se e comam.

Não se está bem aqui no social?

Olha em redor roda infalivelmente o azar que bonito é.
Este estilhaçar? É a música das esferas.
Este tilintar ao longe? É gente que cuida de olear as esferas.

É melhor não mexerem, que ainda partem
e depois como é que se faz riqueza primeiro isso
é uma trabalheira cansa tudo isto nos cansa sabem.

Por isso mesmo investimos na alma nos tempos livres.

Temos pena mas
não fazemos milagres temos pena.

Cheguem-se aqui.
Não se cheguem tanto.

Tudo isto é para amansar o azar
dizem alguns l'hasard pois olha azar de haver
dias a seguir a dias de não ter para comprar
na zara ah
pois era só uma aliteraçãozinha pronto
nem na feira olha azar
pois toma lá uma sopa e vê lá se não foges
e mostra lá bem o rabo a dar a dar
ladra um bocadinho vá lá
também não somos papões mas não mordas
cola uns cartazes vá grita
que isso passa cospe o cuspo amargo
mas só de vez em quando mas não mordas
até dizem que não morde geralmente
a fome em redor da sopa
nem dói assim tanto em redor do estômago.
Dói mesmo mesmo à bruta
é em redor do sossego que azeda
aos poucos na boca
onde afinal crescem dentes pelo meio da sopa
contra o seu céu da boca cinza
e vira-se outra vez a metereologia mudam-se
os ares outra vez os tempos os livres 
e os outros  e espalham-se os muitos
a empanar as esferas.

O erro talvez tenha sido esse: terem-nos deixado vivos.




PS: Isto é só uma primeira versão rabiscada hoje. O mais certo é vir a sofrer alterações.

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