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3. PRODUÇÃO
Elas sobem para cima de um caixote, que ainda são pequenas para chegar à bancada de descarnar o peixe. Elas mondam, os dedos tolhidos de frieira e urtiga. Elas fazem descer a lâmina de cortar o coiro. Elas sopram nos dedos a aquecê-los, esfregam os olhos, voltam a pôr as mãos por detrás da lente a acertar os fios da matriz do transistor. Elas espremem as tetas da vaca para o balde apertado entre as pernas. Elas fecham num dia as pregas de papel de mil pacotes de bolacha. Elas acertam em duzentos casacos a postura da manga onde cravar o botão. Elas limpam o suor da testa com a manga e a foice rebrilha ao sol por cima da cabeça e da seara. Elas ouvem a matraca de dez teares enquanto a peça cresce diante, o fio amandado de braço a braço aberto. Elas cortam os dedos nas primeiras vinte cinco latas até calejar bem. Elas fazem a agulha passar para cá e lá em cruz na tela do tapete. Elas vigiam a última fieira de garrafas, caladas, à espera da sirene. Elas carregam o cesto de azeitona à cabeça já sem cantar, até que o sol se ponha.
Maria Velho da Costa, "Revolução e Mulheres"
Obrigado pela atenção.`
ResponderEliminarÉ lindo este livro e quase o sigo como 1 folhetim...
Ansioso, espero por os dois 1ºs capítulos.
1 braço
im
e reclamam na ora do sexo anal usahuah
ResponderEliminarmas cortam os dedos nas latas até calejar? É uma imagem bonita, cheia de significado, transbordante de força, mas só quem nunca viu encher latas numa fábrica pode acreditar nisso.
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