Enumerar as trapalhadas acumuladas pelo governo no último ano seria fastidioso para o leitor e incompatível com a dimensão desta coluna. Fiquemo-nos por isso pelas da última semana, em que Passos Coelhos garantiu aos desempregados que não devem desperdiçar as oportunidades proporcionadas pela sua situação. É notório que o nosso primeiro sabe muito acerca de oportunidades (sendo que em geral não perde a de estar calado), nomeadamente as que lhe foram dadas por Ângelo Correia.
Seguiu-se o senhor dos pastéis de nata e a sua mui freudiana alusão ao preocupante aumento do coiso, vocábulo de assinalável flexibilidade e polivalência, cujos usos são virtualmente inesgotáveis. Onde Passos viu hipóteses de empreendedorismo, quis Álvaro Santos Pereira demonstrar os dotes de oratória e criatividade semântica que fazem dele um dos produtos portugueses que todos gostaríamos de ver exportados. É difícil encontrar alguém tão competente na utilização do coiso.
Sempre invejoso do protagonismo alheio, veio o ministro da espionagem intimidar uma jornalista do Público, sobre cuja vida privada parece estar bem informado, para os efeitos que se sabe e recorrendo aos métodos que se imaginam. Tendo as declarações de Relvas relativamente aos serviços secretos e ao seu ex-director sido tão cabalmente esclarecedoras, é apenas natural que se sinta incomodado quando alguém lhe sugere que elas estão cheias de incongruências. Felizmente acabou tudo em bem e o malicioso artigo onde elas eram esmiuçadas ficou numa gaveta.
A isso se chama, na gíria jornalística, um coiso interrompido.
Muito bom este coiso, perdão, post
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