terça-feira, 18 de outubro de 2011
Resposta a José Castro Caldas
Em A Outra Globalização, post sobre a manifestação de 15 de Outubro, José Castro Caldas afirma existir quem queira "confundir protesto com motim para produzir imagens chocantes para os telejornais", um sentimento alegadamente partilhado por "serviços de provocação mesmo que sejam pobrezinhos". Por considerar que vale a pena dialogar com José Castro Caldas e por discordar da sua opinião, seguem as seguintes adendas:
1. A subida da escadaria da assembleia da república decorreu sem quaisquer troca de agressões entre agentes da PSP e manifestantes.
2. A acção em questão esteve longe de ser realizada por um grupo ou sequer por um conjunto de grupos organizados. Foi, sim, protagonizada por uma pequena multidão de pessoas, de um rapaz com uma bandeira da ATTAC a um pequeno grupo de militantes do PCTP-MRPP (uma pequena navegação pelo youtube poderá comprovar estes factos). A maioria, no entanto, será de difícil enquadramento político, um traço que, na minha opinião, assinala o sucesso da manifestação.
3. Foi a subida das escadarias que garantiu as mínimas condições (logísticas e espaciais) de uma participação alargada na assembleia popular.
4. A ocupação das escadarias não pareceu obter uma opinião consensual entre os membros da organização. Uns concordaram, outros discordaram. A democracia é mesmo assim.
5. As únicas detenções ocorreram já depois do término da assembleia popular. As imagens recolhidas pelos vários meios de comunicação social parecem indiciar um excesso de zelo por parte das forças de intervenção de PSP. A resistência oferecida pelos (poucos) manifestantes fez uso do mero peso dos seus corpos, sem, em nenhum momento, ter levantado a mão ou demonstrado qualquer agressividade.
Como tal, e concluindo, confesso não ter assistido a qualquer fenómeno que comprove a existência de «serviços de provocação». Tampouco pude identificar alguma vontade, por mais insignificante que fosse, em transformar a manifestação num motim. O que vi foi bem diferente disto. Vi milhares de pessoas zangadas, mas não desesperadas, que resolveram fazer das ruas o seu espaço. Vi milhares de pancartas e cartolinas e não apenas duas ou três faixas com umas centenas de pessoas a corresponderem-lhes. Vi e vivi um acontecimento que deu um pequeno pontapé na realidade, abrindo assim o espaço para que outros pontapés possam ser dados.
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Caríssimo,
ResponderEliminarcomo saberás partilho das ideias que presidem à tua argumentação. O que me parece é que, certas embora, não colhem contra o post do Zé Maria. Se não me engano redondamente, nada leio lá que signifique que ele pense que a acção de ocupar as escadarias foi iniciativa e obra de um grupo de provocadores.
Quanto a tudo o mais que dizes, perfeitamente de acordo. Como sempre, ou quase.
Abraço grande
msp
Caro Miguel,
ResponderEliminarSubscrevo grande parte do post escrito por JMCC. Porém, e considerando as tuas remarcas, não deixo de considerar que as frases citadas pecam por alguma abstracção.
Abraço,