quinta-feira, 15 de março de 2012

Um ano depois


Perfaz hoje um ano que milhares de pessoas saíram à rua, numa manifestação que passou à história como a da “geração à rasca”. Convocada através das redes sociais e ampliada pelo destaque que recebeu na comunicação social, a manifestação converteu-se num pólo aglutinador de todos os descontentamentos e ambições, juntando na mesma avenida precários e reformados, recém-licenciados no desemprego e dirigentes da JSD, homens da vida e mulheres da luta.
O que mudou desde então está bem à vista. O vento quente que soprava do Norte de África alastrou a várias partes do globo e as imagens de manifestações, ocupações, confrontos, motins e turbulências várias tornaram-se banais nos ecrãs de televisão. O inconfundível odor da anarquia difunde-se pelas ruas de diversas cidades, como se de um desodorizante se tratasse.
Por cá, a coisa também não esteve parada. Primeiro as assembleias do Rossio, depois a manifestação de 15 de Outubro, seguida de uma manifestação em dia de greve geral e muitas outras mobilizações. Perdeu-se muito da inocência inicial e “o movimento” ganhou consistência à medida que foi confrontado com clivagens e forçado a fazer escolhas. Vários candidatos a dirigentes apareceram e desapareceram sem deixar vestígios. Já não se ouve ninguém a mandar os manifestantes sentarem-se quando a coisa aquece e a coisa aquece cada vez mais. Quando pretendem esconjurar os seus fantasmas, os comentadores televisivos garantem-nos que Portugal não é a Grécia.
Um ano depois, existe um grande caos debaixo dos céus. A situação é excelente.

1 comentário:

  1. este texto é patrocinado por: http://facetime.dyndns.biz/wp-content/uploads/2012/02/AXE-Anarchy-For-Him-and-For-Her-Creative-md.jpg

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