Poucos dias depois de um membro da Troika ter esclarecido que Portugal não é a Grécia porque aqui as pessoas são boas, eis que um dirigente da CGTP, João Torrado de seu nome, funcionário sindical desde que eu nasci (literalmente), vem explicar ao Expresso (edição impressa, p.16) o trabalho que lhe dá "evitar tumultos". Aquele a quem os outros dirigentes chamam "o nosso comissário" esclarece que, apesar de os tempos serem difíceis, a CGTP não quer perder o seu capital de credibilidade e já redobrou os cuidados. Torrado teme especialmente os "grupos infiltrados", mas garante ter centenas de camaradas mobilizados para a segurança. Informa a jornalista do «Expresso» que "a PSP agradece" e que uma fonte policial confirma que "nunca houve problemas a registar".
Entre os diversos problemas que não deixam João Torrado dormir, está a possibilidade de se vir a repetir um dos grandes dramas da sua vida profissional enquanto comissário sindical: "Numa manifestação gigantesca em São Bento alguém se lembrou de incendiar uma bandeira. Um erro da organização permitiu que isso acontecesse. As televisões filmaram e o caso abriu as primeiras páginas dos jornais".
Cumpre perguntar porque razão nunca se viu essas "centenas de camaradas mobilizados" para garantir que nenhum macaco sai do seu galho, por exemplo, quando o corpo de intervenção carregou sobre o piquete de greve dos CTT na última greve geral. Ou quando a polícia carregou sobre manifestantes da CGTP em Maio de 2010. Estranhamente, não costumamos ver essa "centena de camaradas mobilizados para garantir a segurança" a garantir a segurança de quem luta. Apenas a fazer o trabalho da PSP, controlando outros manifestantes e policiando as manifestações. Essa mesma PSP que detém pessoas que pintam apelos à greve geral nas paredes e lhes confisca o material. Essa mesma PSP que se multiplica em provocações e ameaças aos que não aceitam a inevitável austeridade. Que espanca os habitantes de bairros pobres. Que identifica membros dos piquetes durante a greve. Que defende a propriedade, a autoridade do Estado, a ordem pública e o respeitinho muito bonito.
Entre os diversos problemas que não deixam João Torrado dormir, está a possibilidade de se vir a repetir um dos grandes dramas da sua vida profissional enquanto comissário sindical: "Numa manifestação gigantesca em São Bento alguém se lembrou de incendiar uma bandeira. Um erro da organização permitiu que isso acontecesse. As televisões filmaram e o caso abriu as primeiras páginas dos jornais".
Cumpre perguntar porque razão nunca se viu essas "centenas de camaradas mobilizados" para garantir que nenhum macaco sai do seu galho, por exemplo, quando o corpo de intervenção carregou sobre o piquete de greve dos CTT na última greve geral. Ou quando a polícia carregou sobre manifestantes da CGTP em Maio de 2010. Estranhamente, não costumamos ver essa "centena de camaradas mobilizados para garantir a segurança" a garantir a segurança de quem luta. Apenas a fazer o trabalho da PSP, controlando outros manifestantes e policiando as manifestações. Essa mesma PSP que detém pessoas que pintam apelos à greve geral nas paredes e lhes confisca o material. Essa mesma PSP que se multiplica em provocações e ameaças aos que não aceitam a inevitável austeridade. Que espanca os habitantes de bairros pobres. Que identifica membros dos piquetes durante a greve. Que defende a propriedade, a autoridade do Estado, a ordem pública e o respeitinho muito bonito.
Aqui fica, à atenção dos e das grevistas que na próxima 5ª feira se lembrarem de levar a sua indignação de classe mais longe do que a "credibilidade" da CGTP permite. Juntem-se à luta, mas "evitem tumultos", porque a imagem de marca da organização é que "tudo corre bem". E não se lembrem (nunca) de armar confusão fazendo a pergunta, tão óbvia quanto incontornável: corre bem a quem?
Nã vale a pena seres tão anarquista meu querido!!!!
ResponderEliminarA chave está nas mãos da vossa geração para alterar o traçado da Troika com paz e sossego.
"Show your true colours" and I want to live to watch them flying high"
http://youtu.be/594WLzzb3JI
ResponderEliminarCom este post de m****, não admira que a foto de apresentação seja a de um urso...
ResponderEliminarMas não deixa de ser interessante como uma aparente incitação - 'anarquista' como dito acima - à 'livre expressão de revolta' é afinal uma camuflada incitação ao motim dentro a ÚNICA organização sindical que SEMPRE defendeu os direitos dos trabalhadores e que sempre soube estar à altura das exigências das lutas.
Resta saber onde se situa Ricardo Noronha: ou perto da direita conservadora [aí é melhor fomentar um desacato ou umas pilhagens para justificar a eliminação de direitos políticos, sociais e laborais] ou perto da esquerda, digo, direita anarquista [e aí é melhor fomentar a bazófia individualista despida de organização social - que se é de esquerda, é para rir e estamos conversados... - para eliminar a luta organizada e as suas estruturas de representação dos trabalhadores - o garante da continuidade, coerência e capacidade de análise e organização da luta], tanta que é a ânsia de destruir a organização dos trabalhadores...
O capital não teme o protesto; teme o protesto organizado.
ResponderEliminarPois. Tem estado a correr tudo muita bem,com esses protestos organizados e assim sucessivamente.
ResponderEliminarO que vale é que o Carvalho da Silva já veio dizer que não está de acordo com a cambada de otários que almoça à custa dos "protestos organizados" e se benze sempre que ouve falar em "revolta". A vossa ânsia por "credibilidade" dá-me vontade vomitar.
Enforcar o ultimo Torrado nas tripas do ultimo Berardo!
ResponderEliminarVomita Noronha que estás gordo que nem um burguês.
ResponderEliminar"O capital não teme o protesto; teme o protesto organizado."
ResponderEliminarAcrescento que o capital não teme quem se revolta simplesmente pela revolta, porque para esses há a bastonada bem dado.
O capital teme quem depois do protesto se atreve a ter ideiais e, pior ainda, é capaz (vejam só) de mobilizar milhares de portugueses. E não apenas os amigos feitos da revolta adolescente e simplória.
Que a CGTP seja capaz nos tempos que aí vêm de manter afastados os troublesmakers, unipopers e outras brincadeiras adolescentes que se juntam aos protestos organizados por outros apenas para atirar grades à AR.
De facto, toda a gente sabe que os burgueses são todos gordos e os trabalhadores são todos magros. Menos, claro está, quem sabe alguma coisa acerca do assunto e sustenta que a alimentação também ilustra a luta de classes, com os trabalhadores cada vez mais limitados ao consumo de lípidos e glúcidos, ao passo que a burguesia reserva crescentemente para si os produtos bio e as proteínas e as vitaminas. Aliás, basta ir ao super-mercado e ver os preços.
ResponderEliminarFica o facto de a manifestação que saiu do Marquês de Pombal ter mais gente - e, tudo o indica, mais trabalhadores - do que aquela que saiu do Rossio a toda a velocidade para evitar contágios indesejáveis. Se estão tão seguros das vossas ideias, o que vos leva a fugir ao confronto com as de quem pensa de maneira diferente? E, já agora, a reproduzir todo o discurso dos comentadores conservadores, que não se cansam de elogiar os sindicatos por "conterem" a revolta social em limites aceitáveis?