quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ai flor, ai flor de verde pino




Ao longo da cobertura da guerra do Iraque de 1991, um novo conceito de jornalismo foi desenvolvido, o de embedded journalism, o qual garantia ao exército norte-americano a transformação da sua visão em notícia, em troca do acesso dos meios de comunicação social ao teatro de guerra (com todo o cenário de possíveis imagens chocantes que lhes garantissem as maiores audiências possíveis). Mais tarde, o mesmo tipo de estratégia foi utilizado na cobertura jornalística de algumas manifestações anti-globalização.

Em Portugal, algumas peças escritas ao longo dos últimos anos (quase sempre pela mesma pessoa) pareceam indiciar a prática de um jornalismo um tanto ou quanto idêntico, pautado por uma escolha bastante selectiva de fontes.

O cariz do e-mail enviado pelo relações públicas da PSP Paulo Flor a um conjunto de jornalistas, «caros amigos de jornada», ou resulta de um erro crasso (a juntar aos outros erros cometidos ultimamente) ou é fruto de um erro não tão crasso quanto isso. Quer se trate de zangas entre comadres, quer de um contacto a mais no e-mail enviado, o caso não deixa de evidenciar um certo «à vontade» na relação entre a PSP e os meios de comunicação social. Ao ponto do agente da PSP realçar a importância do contributo jornalístico, definido como "essencial para que as medidas de coacção sejam o mais lesivas possíveis para os suspeitos". Por outras palavras, existe a possibilidade de este não constituir nem o primeiro, nem o segundo, nem o terceiro contacto do género travado entre Dona Flor e os seus diversos maridos.

Como tal, a vergonha não recai apenas sobre Paulo Flor, mas sobre todos aqueles que receberam o e-mail e permaneceram calados.

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